Residência
Médica: O caminho das pedras para ser Médico.
Se as mudanças e avanços na área da saúde
vêm trazendo significativas alterações
para a prática da medicina, não poderia
ser diferente para aqueles que ainda estão
aprendendo a ser médicos, particularmente
os residentes. Reconhecida como fundamental
para a formação do médico especialista, a
residência médica vive entre dois pólos
tratados se merecida atenção pelos últimos
governos: o ensino e a saúde. Normativas
dispersas, concentração de programas nos
grandes centros do país em detrimento de
outras regiões, o papel das sociedades de
especialidades na definição da formação,
as dificuldades de conciliar o aprendizado
com a necessidade do mercado de trabalho e a
avaliação são alguns dos problemas
discutidos neste debate que contou com a
participação do representante da Associação
Médica Brasileira(AMB) na Comissão
Nacional de Residência Médica (CNRM),
Hilton Roch e da presidente da Associação
Nacional de Médicos Residentes, Rafaela
Cordeiro Freire, coordenado pelo conselheiro
do CRM-SP e representante da Associação
Brasileira de Educação Médica na CNMR,
Reinaldo Ayer de Oliveira.
Reinaldo: A Residência Médica
surgiu no país na década de 40, foi
institucionalizada por decreto em 1977 e,
por lei em 1981 - criando a Comissão
Nacional de Residência Médica (CNRM), que
define e regulamenta os direitos e deveres
dos residentes. Depois, tivemos resoluções
que definiram principalmente as
especialidades, carga horária, conteúdo
programático etc. A partir de 86, as únicas
alterações foram de valor e critérios da
bolsa. Depois disso, nada mais. Considerando
os avanços da tecnologia, de conhecimentos,
as modificações no sistema de saúde, os
desafios da profissionalização e a
proliferação das escolas médicas, quais
as modificações que vocês vêem como
necessárias?
Rafaela: Levando em conta que a
legislação existente foi toda baixada por
decretos e resoluções, o primeiro passo
seria garantir que a discussão fosse para o
Congresso. Já há um projeto de lei no
Congresso que é fruto de discussões de
residentes e entidades. O primeiro avanço
seria a aprovação desse projeto,
configurando uma conquista dos movimentos médicos.
Reinaldo: O que essa proposta oferece
como avanço?
Rafaela: A proposta é enxugar todas
aquelas resoluções - que são muitas - e
consolidar a regulamentação da residência
num corpo único. Ela garante que a residência
é uma modalidade de especialização com
treinamento em serviço, característica que
é importante.
Reinaldo: Quando se enxuga, o que se
coloca como mais importante e o que deve
permanecer?
Rafaela: Ela moderniza e propõe uma
estrutura de gestão para a residência;
tendo a Comissão Nacional como coordenadora
e, em nível estadual, comissões estaduais
descentralizadas. Esse é um avanço
importante.
Koch: O que os residentes pensam do trabalho
da Comissão?
Rafaela: Poucos residentes conhecem o
trabalho da Comissão. Como os vários
direitos estão garantidos nas Resoluções,
hoje ocorre uma demobilização, a exemplo
do que acontece com os movimentos sociais em
geral.
Koch: A legislação é extremamente
importante para dar essas garantias, mas o
movimento é feito muito mais pelas
sociedades de especialidades. Pelo menos na
AMB, os representantes das sociedades estão
constantemente buscando melhoras para residência.
Eu não vejo nenhum movimento dos
residentes. Quando se conversa com
residentes sobre aumento do tempo, por
exemplo, eles querem aumentá-lo pela
garantia de mais um ano de bolsa.
Reinaldo: Ou seja, quando o estudante
consegue entrar no programa com uma bolsa
que dá condições de sobrevivência, ele
para de discutir a residência. Isso é
verdade?
Rafaela: Ele não só tenta passar em
programas de residência que garantam essas
prerrogativas, como tenta estágios. Se ele
não passar nas seleções de residências,
se submete a estágios sem remuneração ou
até pagando para fazê-los. Ao ouvir o Dr.
Koch dizer que dentro das sociedades de
especialistas existe mobilização para
discutir residência, penso que são um
corpo de especialistas querendo garantias
para aquela especialidade em um mercado bem
definido. É mais fácil, já é uma corporação.
Os residentes ainda não são nada, estão
peleiteando entrar nesse mercado e serem
especialistas. O que há por trás disso é
que a escola médica não capacita mais a
pessoa para entrar no mercado de trabalho. Há
uma inadequação no modelo de formação do
médico hoje.
Reinaldo: Koch, o projeto que tramita
no Congresso atende a essa modernização
necessária na residência médica? O que
seria essa atualização, além de discutir
em conjunto com outros ortanismos que tratam
da política de saúde, enxugar a legislação
e decentralizar os programas de residência
para que se tenha maior agilidade?
Koch: Tenho que me reportar à minha
especialidade, que é altamente tecnológica,
com avanços de equipamentos. Há uma tendência
corporativista da sociedade de especialidade
em ampliar o temp ode treinamento. Como hoje
existe tomografia, ressonância, doppler
etc, a radiologia esvaziou-se.Mas se defende
que um radiologista se forma em três anos
porque há mais equipamentos, só que ninguém
lembra que o primeiro ano esvaziou. Se puxar
o segundo para o primeiro e o terceiro para
o segundo, se resolve o assunto. Eu também
gostaria de citar uma conversa que tive com
um residente. Quando perguntei o que ele
fazia, ele respondeu: eu estudo. - Como
estuda, você não trabalha? Você ganha uma
bolsa para estudar e não para trabalhar?
Ele respondeu que, no primeiro ano, só
estudava e que não fazia exames. Residência
é fazer exame e trabalhar. Há muitas
distorções. É preciso fazer uma reformulação
para saber o que cada especialidade espera
de um médico que saiu da faculdade, bem ou
mal, e vai se tornar especialista, pois a
legislação não dará isso para nós.
Reinaldo: Qual seria a proposta,
deixar as possibilidades - como tempo e
carga horária variáveis, dependendo do
local - em aberto ou fixar pelo menos o mínimo?
Koch: Acho que tem que fixar o mínimo. Na
AMB, estamos propondo que cada especialidade
defina o tempo de formação do
especialista, baseando-se em todas as variáveis
e não simplesmente defender três anos
porque hoje, na radiologia, tem doppler
ressonância etc.
Reinaldo: Rafaela, o cardiologista
que fez residência me Recife é o mesmo que
fez no Rio de Janeiro, ou seja, eles devem
ter o mesmo tipo de formação? Ele está
apto a trabalhar no Rio ou vice-versa?
Rafaela: Se tem doença mais
prevalentes em Recife, ele estará mais apto
por ter maior acesso a essas patologias. Mas
no núcleo de competência dos
cardiologistas, ele tem que estar apto a
trabalhar no Rio, em Nova York ou em
qualquer outro lugar. Todo profissional tem
um campo genérico - próprio da profissão
- e tem um núcleo. O núcleo de competências
tem que ser definido pelas sociedades de
especialistas. Não há como abrir mão da
sociedade de especialidade nessa definição.
A Comissão não daria conta.
Reinaldo: No país, 70% dos formandos
chegam à residência médica - no Estado de
São Paulo, 92% - há uma concentração dos
programas na região sudoeste e existe a
tendência de ampliação do tempo,
inclusive da carga horária. Quem define
essa questão?
Koch: A especialidade pode dar esse subsídio
para a Comissão, que tem o poder de decisão.
Reinaldo: Por lei, quem define o
tamanho e o conteúdo dos programas é a
Comissão e as sociedades fazer pressão
para modificação. O processo depende da
organização daquela sociedade específica.
Por exemplo, hoje na sociedade de
radiologia, há alguém altamente preocupado
com a residência médica, que estuda e
pondera sobre as cargas horárias etc. Mas,
se amanhã não tiver essa pessoa, como fica
a intervenção da sociedade no padrão da
residência?
Koch: É complicado. No meu caso esecífico
de avaliação, levei o problema para a
universidade. Pequei um membro da CNRM
interessado e fizemos um doutorado sobre o
programa de radiologia, avaliando os 47
existentes no país: conteúdo, treinamento,
preceptores, residentes etc. Estamos
propondo que a AMB assuma essa
responsabilidade com todas as
especialidades.
Reinaldo: Você está propondo que,
além da participação das sociedades, também
haja uma participação da universidade -
que a residência médica passe a ser objeto
de estudo. Nós temos pouquíssimas teses
sobre residência médica dentro das
universidades.
Koch: Dependendo da especialidade, é
complicado fazer isso. Por exemplo, aquele
que fizer pesquisa em radiologia - ou
administração - passa a ser um
especialista de segunda classe, porque não
examina o doente. E ninguém quer ser de
segunda classe. Para conseguir fazer isso no
meu departamento, criei uma linha de
pesquisa chamada Educação em Radiologia.
Rafaela: A universidade é uma
instituição de ensino e a residência também
e ensino. Temos a tradição de aprender
medicina com aqueles que sabem fazer
medicina, vendo-os fazer, não por serem
pessoas com capacitação para ensinar, e
sim especialistas em alguma área da
medicina.
Reinaldo: Nós nos tornamos
especialistas trabalhando com especialistas
na residência médica.
Rafaela: Exato. Voltando ao que o Dr.
Koch falou sobre quem vai definir o tempo da
residência: são as sociedades de
especialidades? Eu acho que não. As
sociedades trazem a contribuição de como
determinada área se confronta frente ao
avanço tecnológico. Mas definem quem tem
afinidade com as instituições de ensino. Não
é só agregar ou empilhar as competências
dos especialistas e tentar transformar tudo
isso em tempo para aquisição de
conhecimento.
Reinaldo: Ou seja, a Comissão ou
qualquer organização que centralize a
residência deve reunir o que dizem as
sociedades, o que as universidades estão
estudando, o que os serviços ou ministérios
envolvidos têm como referência e discutir
o tempo de residência, a carga horária
etc?
Rafaela: Esses interesses teriam que
ser compatibilizados. A sociedade de
especialista ofereceria subsídios,
adequando a residência às necessidades da
especialidade; conciliar os interesses das
instituições de ensino com o processo de
aprendizagem no interior da residência. Com
a nova lei, a gente pretende compatibilizar
a residência com a necessidade de novos
especialistas - que hoje não existe - e Ter
uma comissão formada também por que
demanda trabalhador em saúde, com
envolvimento até de secretários.
Reinaldo: Dentro dessa linha, como
fica a definição de que a residência é
fundamentalmente um programa de treinamento
em serviço?
Koch: No ensino, há a filosofia de que se
tem que ensinar o estudante a ser médico, e
não a sua especialidade. Mas quando chega
na especialidade já é o contrário, você
tem que ensinar o que você sabe e não o
que ele precisa saber. E que está
interessado em fazer isto? Na própria
universidade você tem dificuldades com
isto, porque tem médico e tem professor.
Você visita alguns hospitais onde o
preceptor diz: não ensino porque não ganho
nada por isso. De repente ele entra no
sistema que tem residência e dizem que ele
vai ser preceptor, mesmo que não queira. Há
sempre acordos. Aí, o residente diz: estou
aqui, me ajuda, me ensina, quebre meu galho.
Em outro momento o preceptor diz: quebra meu
galho também, hoje eu vou pra Bahia e você
fica aqui. É importante definir o papel do
preceptor.
Reinaldo: Em que áreas abrir novos
programas em função das demandas?
Rafaela: Não dá para a Comissão
ser a única responsável pela definição
da política de formação de especialistas.
A Comissão seria um dos locais onde se
efetivaria essa política, com a participação
do Conselho Nacional de Saúde, das
sociedades e das entidades médicas.
Primeiro será definir qual é a necessidade
e onde Ter radiologistas, sanitaristas, clínicos,
e daí aceitar ou não pedidos de novas
residências, ou até incentivar. Aliás, o
incentivo para a formação de médicos com
competência nas áreas básicas está
embutido na nova lei.
Reinaldo: Vamos supor que a gente
tenha que dizer para a Comissão como deve
ser a residência médica, em função das
especialidades, da política de saúde, da
demanda por serviços. Você tem alguma idéia
de como deve ser?
Koch: Na região sudeste há um grande número
de residentes em radiologia, e, na região
norte e nordeste, tem cinco radiologistas.
Alguns estudantes não conseguem etágios e
outros vão fazer os cursos que existem por
aí e que cobram até cinco mil dólares por
mês. Nós poderíamos fazer programas
menores - mais enxutos e em tempo menor -
para dar maior oportunidade de entrada. Nós
temos que fazer alguma coisa pelo Nordeste,
porque aquele mercado não tem
radiologistas. Quando eles pedem
profissionais, oferecendo salários
generosos, o médico não quer ir, quer
ficar no grande centro porque tem tecnologia
avaçada, onde se aprende. É a política do
país!
Reinaldo: O entendimento é que a
Comissão captaria todos esses conflitos e
apontaria, por exemplo - no caso dessa
centralização de residência no sudeste -
que é preciso descentralizar, credenciar
programas em outras regiões.
Koch: Não se pode deixar só por conta da
sociedade de especialidade porque o seu
representante vive no grande centro. A tendência
desse dirigente que vive em São Paulo é
dizer: a residência deve ter três anos, o
modelo tem que ser o Sírio Libanês porque
tem todos os equipamentos, e fecha todas as
outras.
Reinaldo: Nós temos que Ter outros
parceiros discutindo a residência médica.
Você, como membro da AMB, acha que as
sociedades ligadas à AMB têm hoje uma
preocupação maior com o ensino? Essas
comissões de ensino das sociedades têm
funcionado de maneira adequada?
Koch: No que eu tenho visto e acompanhado,
eles têm muito interesse. Não sei se eles
estão bem orientados para aquilo; mas quem
vai dar essa orientação? Acho que começou
a ter uma motivação da sociedade, mas nós
também precisamos mostrar isso a eles, senão
vão ficar só por conta do corporativismo.
Reinaldo: Nem a Comissão, nem a
sociedade de especialidade e nem o Ministério
têm informação de que especialista nós
precisamos no país. Só algumas sociedades
estão começando a estudar esse problema e
têm dados indicativos.
Koch: Se não fizermos uma avaliação, como
vamos propor alguma coisa?
Reinaldo: Como deve ser feita a
avaliação da residência considerando,
primeiro, a extensão e a diversidade do país
e dos programas de residência; segundo, uma
regulamentação única para residência;
terceiro, o curto tempo de um programa? Uma
avaliação, considerando esses indicativos,
terá problemas de ordem metodológica?
Sabemos que a avaliação é necessária e
urgente, mas como fazer, quais são as idéias?
Rafaela: Uma avaliação nos moldes
da Cinaem para a graduação, por exemplo,
tem alguns elementos que conseguem dar conta
da extensão e da diversidade, porque coloca
no cenário os atores do processo, no nosso
caso o residente e o preceptor. Acho que
isso respondo os dois primeiros pontos. O
curto tempo, ou seja, dois anos para a
avaliação da residência não é
limitante. Os programas têm um molde para
produzir residentes que estão funcionando há
vários anos. Teria que se considerar a
residência como um processo e avaliar seu
modelo pedagógico.
Koch: Qual é o índice de aprovação
daqueles que terminam a residência e fazem
a prova de especialidade?
Rafaela: Na escola que eu me formei,
alguns programas aplicam a prova de
especialidade. Eles sabem qual é o índice
de aprovação dos residentes, mas eu não
sei.
Reinaldo: Não temos essa avaliação
e seria interessante tê-la, inclusive para
saber qual é o nível de aprovação dos
egressos a residentes por instituição,
credenciada ou não.
Koch: Algumas especialidades fazem provas
para R1, R2 e R3. Se a sociedade participa
da avaliação desde o primeiro ano pode, ao
final da residência, dizer que aquele que
teve um aproveitamento muito bom não
precisa fazer outra prova para obter o título
de especialista.
Rafaela: Para que m vai ser submetido
ao processo de avaliação, o importante é
saber o que estão pretendendo dele. Os
objetivos do programa devem ser claros.
Reinaldo: Os programas são claros?
Koch: Não são. Eles são claros para nós,
membros da Comissão.
Reinaldo: Mas o residente sabe onde
ele está entrando, o que vai acontecer com
ele, eu programa ele vai desenvolver, com
que objetivo?
Rafaela: Ele não tem a menor idéia.
Koch: No primeiro ano ele chega muito
ansioso: "o que vou aprender?"; no
segundo ano, ele já percebeu como é e, no
terceiro, ele vai à luta.
Rafaela: O segundo requisito é que o
processo de avaliação - que se pretende
construtivo e de aprendizado, como um
caminho que o residente vai trilhar entre não
saber e sair sabendo a especialidade, deve
ser ao longo do processo, não no final.
Reinaldo: Sim, porque possibilita
correções ou mudanças de rumo se o
residente não estiver cumprindo o programa
de maneira adequada. É lógico que ela tem
que ser institucionalizada. Quem vai fazer a
avaliação? As especialidades, um comitê
ou a Comissão Nacional?
Koch: Eu acho que uma saída interessante,
por exemplo, é pegar pessoas que possam
ajudar a fazer a avaliação dos programas.
Uma comissão com pessoas que têm experiência
que os médicos e especialistas não têm.
Essa soma de experiência é que pode dar um
fruto importante e construir um programa
adequado à realidade do país.
Reinaldo: Hoje eu fiz a seguinte
pergunta a alguns residentes de cirurgia:
qual é o conflito atual da residência médica?
E eles disseram que o preceptor está muito
distante do R3. Ele fica mais próximo do R1
e do R2 e acha que não precisa falar mais
nada para o R3. Rafaela, qual é o conflito
que você encontra hoje na residência?
Rafaela: Posso tomar esse exemplo
como sendo um dos conflitos que estamos
vivendo. Se não existir este compromisso do
preceptor estar ao lado do residente,
quebra-se o requisito fundamental da residência,
que está no primeiro artigo: treinamento
sob supervisão. Esse conflito tem que ser
enfrentado pelos residentes, não como um
ser passivo que vai sofrer uma enxurrada de
informações. Ele tem que estar ativo no
processo. O preceptor também deve saber o
que os residentes esperam do campo de
trabalho. Nem sempre isso é possível, já
que se tem uma dinâmica definida. Não dá
para parar o serviço e voltar para
necessidade dos residentes. Mas é possível
que as necessidades dos residentes e as dos
serviços possam se encontrar. Pode ter um
acordo, em que preceptor e residentes
estabeleçam as responsabilidades e os
deveres claramente.
Koch: O grande problema é que o residente
entra e não sabe nada, mas o preceptor nem
sempre está disposto a ser preceptor,
embora isso esteja escrito no papel.
Rafaela: A tradição nos processos
de ensino - desde o primário à graduação
e até a residência - é essa condição de
quem está aprendendo ser passivo. Os
residentes precisam tomar para si a
responsabilidade no processo de formação.
Não dá para delegar essa responsabilidade
à alguém de fora que vem uma vez por ano.
Reinaldo: Rafaela, como anda a
organização e o movimento da Associação
dos Médicos Residentes?
Rafaela: A idéia é fortalecer o
movimento a partir do local. Não é possível
ter uma direção de residentes que dê
conta do nacional e possa olhar por eles o
tempo inteiro. Para o residente se queixar
que o preceptor não está presente e que o
médico-assistente do dia não quer
supervisionar, que um hospital modificou a
norma e cortou horário de cirurgia, ele
precisa ter uma organização por trás, com
o objetivo de garantir a qualidade da formação.
Sobre bolsa, ela está tão defasada quanto
o salário de qualquer servidor federal. Se
fôssemos brigar hoje pelo valor da bolsa,
teríamos que entrar numa briga maior.
*Hilton Augusto Koch é radiologista,
professor titular da UFRJ e da PUC-RJ,
representante da Associação Médica
Brasileira (AMB) na Comissão Nacional de
Residência Médica (CNRM) e coordenador do
curso de pós-graduação em radiologia da
UFRJ.
*Rafaela Cordeiro Freire é residente (R3)
de Medicina Preventiva e Social da Unicamp e
presidente da Associação Nacional de Médicos
Residentes.
*Reinaldo Ayer de Oliveira é cirurgião
cadiovascular, professor do Departamento de
Cirurgia e Ortopedia da Faculdade de
Medicina de Botucatu (Unesp), representante
da Associação Brasileira de Educação Médica
na CNRM e conselheiro do CRM-SP.
**Matéria extraída na íntegra da edição
JUL/AGO/SET/99 - ANO II - No 8 da revista
SER MÉDICO, páginas 18-27.
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